ISABELLA BETTONI
Advocacia insurgente e o combate à violência de gênero
(Expert Editora, 2022)
Prefácio:
"A publicação e disponibilização para o grande público da dissertação de mestrado de Isabella Bettoni, Advocacia insurgente e o combate à violência de gênero: Uma experiência na Assessoria Jurídica Popular da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, é uma contribuição importante para a reflexão sobre gênero, teoria feminista do direito, exercício da advocacia popular e importância dos movimentos sociais na consolidação de políticas públicas. O trabalho acadêmico de Isabella Bettoni foi realizado em estreita correlação com sua prática na advocacia e na assessoria popular.
Esse duplo lugar de estagiária, depois advogada, e de pesquisadora, observadora qualificada, além da reflexão séria e comprometida que a autora faz desses lugares, tornam seu livro inovador, ousado e oportuno na forma como articula questões de direito, espaço e gênero. (...) Num esforço intelectual muito bem fundamentado teoricamente, Isabella Bettoni aborda as diversas teses, inserindo a sua voz e perspectiva, fazendo uma reflexão de sua própria posição e de sua atuação na consolidação da Casa Tina Martins. Ela discute a ética em pesquisa e profissional que envolve o trabalho de campo no qual ela se propõe à interlocução, e não ao tratamento das pessoas como "objetos" de análise. A Casa representa para ela própria o lugar de afirmação profissional e pessoal, no qual ela é mulher, feminista, pesquisadora e advogada.
Em consonância com a filosofia da ciência feminista, Isabella Bettoni mostra as correlações entre a pesquisa e a construção dos afetos, e como razão e afeto permeiam as narrativas que permitem o discurso sobre as experiências da Casa. Nesse sentido, o livro é um aporte para discutir a vivência das mulheres na cidade e a forma como suas vidas se encontram e entrelaçam a partir da posição de resistência à violência e ao patriarcado, abrindo outras possibilidades de existência e de "re-existência", de outros modos do direito operar, por meio, contra e para além do Estado.
A proposta é uma espécie de "antropologia do direito das margens", que se propõe a colocar em suspenso todas as posições que permeiam o conflito, inclusive a posição de pesquisadora, buscando visibilizar como a institucionalidade, a lei, a formalidade, e até mesmo a forma como se faz ciência podem ser violentas. A possibilidade de fazer com que o direito, o estado, a ciência, não cometam violências, passa por assumir a questão de como as posições que ocupamos nos conflitos possam ser formas de promoção das mudanças que gerem igualdade para as mulheres. As leitoras e os leitores deste livro encontrarão nele caminhos para esse debate mais profundo sobre o local do direito e sua necessária guinada espacial, decolonial, anti-racista e feminista".
Maria Fernanda Salcedo Repolês. Professora Associada na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais
Para ler o livro gratuitamente, entre no site da Editora aqui.
Nas entranhas do direito: métodos e escritas do corpo
(Expert Editora, 2022)
Organização: Maria Fernanda Salcedo Repolês, Igor Campos Viana e Isabella De Araújo Bettoni
"Este é um livro que se faz nas entranhas do direito. Nos propomos a olhar, investigar, (re)mexer, cutucar, percorrer os caminhos que essas entranhas constituem. Entranhas essas, que como as vísceras intestinais, são repletas de dobras. O direito, assim como todo corpo, também possui as suas dobras. Percorrer as entranhas do direito implica atravessar essas dobras. Algumas tão profundas e íntimas que escapam às análises mais críticas e comprometidas com sua transformação.
Foi percorrendo essas fendas e nos compondo corporalmente nelas que os capítulos deste livro se tornaram possíveis. Nos encontros do Grupo Tempo, Espaço e Sentidos de Constituição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenado pela Professora Maria Fernanda Salcedo Repolês, partilhamos as experiências entranhadas com o direito em nossas pesquisas e vidas. De modo que a escrita que agora apresentamos é apenas mais um des(dobra)mento dessas relações de composição que tecemos cotidianamente. E é também nossa tentativa de afirmar uma ética de lidar com direito que seja inseparável de sua estética material que é viva em nossos corpos".
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